(IMAGEM DIVULGAÇÃO)
Nossos
filhos são mais altos que nós. Essa constatação sem qualquer respaldo
estatístico pode ser verificada praticamente em qualquer família com filhos
adultos ou adolescentes. Não conheço nenhum estudo do IBGE ou de outro órgão
oficial brasileiro que comprove definitivamente o que afirmo, contudo, nos anos
cinquenta do século passado, nos EUA, fez-se uma comparação das alturas da geração
nascida depois da guerra com a da pré guerra e ficou patente que a geração mais
nova estava crescendo. No Japão do pós guerra também se verificou que a
geração nascida nos anos cinquenta estava apresentando altura de até oito
centímetros, em média, maior que a anterior. No caso do Japão, o crescimento da
nova geração chamou mais atenção porque os japoneses eram, (ainda são, mas a
diferença diminuiu) na média, mais baixos que as pessoas do ocidente
desenvolvido.
No
Brasil de hoje até a média das seleções de vôlei e basquete cresceu. Há trinta
anos as seleções eram seis centímetros mais baixas que as atuais. Então, a
despeito de serem raros e não conclusivos estudos oficiais comparando as
estaturas das gerações, a diferença existe. Pergunta-se, portanto, a que se
deve esse crescimento? Resposta curta e grossa: comida. Pois é, quando
falamos de estatura é impossível fugir de assuntos relacionados com a má
alimentação e a desnutrição das crianças, algo que indicadores do IBGE
relacionados à população infantil brasileira já diagnosticava na década de
setenta.
Tenho
sessenta e seis anos e quando minha geração nasceu a comida que se punha à mesa
não vinha de grandes supermercados com disponibilidades quase infinitas de
ofertas. Comia-se o que o armazém da esquina e as raras feiras livres vendiam.
Pequena horta doméstica e uma criação de galinhas complementavam o que o
armazém oferecia aos fregueses. Mesmo famílias mais abastadas não tinham opções
onde suprir-se em variedade e abundância, apesar de não lhes faltar nada à
mesa, a variedade não era muito superior a do pobre. E, comparativamente, os
gêneros eram mais caros que nos dias atuais.
Meus
filhos são cinco centímetros mais altos que eu. Quando eles nasceram foram
alimentados com papinhas e comidas infantis inexistentes na minha infância, e a
orientação alimentar que receberam facultou-lhes, quando jovens, serem mais
seletivos quanto aos melhores e mais nutritivos alimentos disponíveis. As
informações que minha geração dispõe também são muito maiores do que as que
meus pais dispunham, de modo que, além do acesso à abundância, a qualidade do
alimento de meus filhos também foi melhor e mais equilibrada. Daí, o
crescimento passa a ser um consequência natural.
Contudo,
lembremos que a estatura das pessoas e de quaisquer seres vivos está contida na
herança genética, então o fator crescimento não pode ser subvertido a não ser
em casos patológicos. Como se explica o crescimento pela melhoria da
alimentação, portanto? Simples, se estivermos “programados” geneticamente para
termos certa altura significa que nosso organismo tem o potencial para
crescimento, e não que seremos daquela altura, se faltar alimento seremos mais
baixos. Assim, provavelmente, a geração da qual faço parte poderia ser mais
alta se estivesse se alimentado adequadamente, como isso não ocorreu somos
menores do que o programado. Consequentemente, se a alimentação encontra-se em
déficit, a estatura das crianças e dos jovens é baixa. Porém, no decorrer dos
anos os índices antropométricos de desnutrição e baixa estatura diminuíram por
conta da melhora na qualidade de vida da população em geral.
De
acordo com pesquisa do IBGE de 2009, os dados indicaram um aumento
significativo no peso e estatura das crianças e tudo isso acontece por conta do
acesso mais fácil a alimentação. O estudo revelou que as crianças e
adolescentes brasileiros estão chegando cada vez mais próximo ao padrão
internacional padronizado pela OMS.
Já, um país como os EUA onde se come muito e
alimentos de alto teor calórico sem muito critério seletivo, a população
provavelmente já alcançou todo o crescimento possível codificado em suas
programações genéticas. Não é de estranhar, por consequência, que ao invés de
crescer para cima os americanos do norte estejam crescendo para os lados, pois sabe-se
que de cada três deles dois estão acima do peso, estão acometidos de obesidade
mórbida. Esse é o recado que a natureza nos dá: coma bastante, mas não exagere,
seu crescimento poderá continuar, mas em outro sentido e com resultados
nefastos.
Por: JAIR LOPES,
Aeronauta recém aposentado,
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