sábado, 23 de abril de 2011

Midia e a Infância (parte II)

Avaliando o papel que a televisão assume nos dias de hoje, a diferença entre conforto e conformismo fica mais nítida. Quando nos abandonamos em frente à TV, não estamos nos entregando ao conforto mas,  sim, ao conformismo, renunciando à nossa capacidade de escolha. Conforto, como está no dicionário, significa animar, dar forças enquanto conformismo significa aceitar regras e valores estabelecidos, sem questionamento. Embora esteja em nossa memória mais remota o gosto de receber tudo pronto e “mastigadinho”, certamente também deve estar registrada nela a ansiedade que tínhamos por poder tocar o mundo com nossas próprias mãos e agirmos de acordo com nossa própria vontade. É importante, então, reagirmos ao conformismo de receber algo pronto das telas, seja da TV, dos games, ou mesmo aqui do computador, sem avaliar seu conteúdo e os prejuízos ao desenvolvimento da autonomia, principalmente em relação crianças.
Se a função da TV e das telas em geral é transmitir entretenimento e informação, primeiro eles deveriam primar pela qualidade; segundo, nós deveríamos exercer nosso direito de escolha. E, ainda assim, nem o mais bem produzido e conceituado programa infantil significa que seja bom deixar-se as crianças por muito tempo assistindo TV. Isto porque a “hipnose” das telas as convida à prostração e à passividade. Como diz o ditado, “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose”. Segundo o Ibope, as crianças brasileiras passam quase cinco horas por dia em frente à TV – 4 horas e 54 minutos, mais precisamente. Esta dose excessiva e indiscriminada de mensagens é um veneno para a formação saudável dos pequenos.
Pode-se imaginar o quanto a garotada estaria lendo, brincando, aprendendo e desenvolvendo seu potencial criativo no tempo em que ficam diante da TV. Isto sem contar o quanto estariam longe do assédio da publicidade que, cada vez mais, vem encurtando a infância ao induzir as crianças a se ligarem em assuntos impróprios para sua idade e a desejarem tantos produtos, na maioria, supérfluos. E sempre vale alertar para o sedentarismo, uma das maiores causas da obesidade infantil, e para todos os outros tantos prejuízos que o excesso de TV acarreta para a formação das crianças e adolescentes, tais como a erotização precoce, o desgaste das relações familiares e a banalização da violência cada vez mais difundida pelos programas e games violentos.
Desafio você leitor á passar uma semana com a TV desligada para refletirmos sobre tudo isso e sobre a importância de mudarmos nosso hábito de deixar que a TV acabe dirigindo nossa vontade e conduzindo a educação das crianças. A televisão é apenas um instrumento de comunicação que podemos usar à medida de nossas reais necessidades enquanto ela realmente estiver nos trazendo benefício em lugar de vício. Aproveite esta semana para exercitar o hábito saudável de largar o controle remoto, saltar do sofá e produzir com sua família programas, que marcarão recordes de audiência na memória e nos corações de todos. Sob sua direção, a diversão acontece ao vivo e nas cores que sua emoção determina.
Vamos incentivar nossos educando á passar menos tempo na frente da TV e mais perto de um livro.
Extraído do seminário na UFSC (Universidade Federal Santa Catarina) Tema Infância e Novas Mídias
Por Regina Gregório

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