segunda-feira, 25 de abril de 2011

Professores Apaixonados


Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela ideia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato. Apaixonar-se sai caro!
Os professores apaixonados com ou sem carro buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmos dos horrores que há na profissão.
Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chocoalhada de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei.
Mas é também indispensável

Texto de Gabriel Perisse, 
Nota: blog Entre o Giz e o coração

6 comentários:

  1. Que texto lindo! Adorei! Todos os professores do mundo deviam lê-lo. Vou partilhá-lo com os meus colegas. É muito bom gostarmos do nosso trabalho.

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  2. Tem textos lindíssimos aqui no seu blog e aborda temas super importantes e interessantes. Gosto muito de seguir o seu blog.

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  3. Oi, Regina,

    Você já viu o filme "Por entre os muros da escola?" Dá um bom debate aqui. Abraço

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  4. Regina, acordei, entrei no seu blog e me deparei com esse texto... me emocionei...

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  5. Oi querida! Cheguei por aqui!!
    Bjinhos,
    Vanessa Datrino
    www.datrinodesign.blogspot.com

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  6. Olá
    Passei para conhecer seu Blog e retribuir a visita.
    Estou seguindo vc.
    Abraços
    Marisete

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